Os bispos católicos dos Estados Unidos concordaram nesta sexta-feira (18) em redigir uma declaração sobre o significado da Sagrada Comunhão que poderia ser usada para negar esse rito ao presidente Joe Biden por causa do seu posicionamento sobre o aborto.
Biden, de 78 anos, um católico devoto que vai à missa pelo menos uma vez por semana, é a favor da decisão histórica de 1973 da Suprema Corte dos Estados Unidos que garante o direito da mulher à interrupção da gravidez.
Desafiando os apelos do Vaticano, os bispos votaram em sua assembleia geral de primavera para redigir uma declaração formal sobre o "significado da Eucaristia na vida da Igreja".
A proposta foi aprovada por 168 votos a favor, 55 contra e seis abstenções, e será discutida em novembro.
A Eucaristia é um dos rituais mais sagrados da Igreja Católica e alguns de seus líderes mais conservadores pediram que neguem o sacramento aos políticos que apoiam o direito ao aborto.
Em uma entrevista coletiva, o bispo Kevin Rhoades, de Fort Wayne-South Bend, Indiana, disse nesta quinta-feira que o comitê que redigiu a declaração "examinará a questão da coerência eucarística".
O bispo Michael Burbidge, de Arlington, na Virgínia, por sua vez, afirmou que a declaração é sobre "como viver uma vida eucarística e como seguir em frente no serviço". "Não excluímos ninguém da igreja", acrescentou.
Cada bispo decide quem recebe a comunhão em sua diocese.
Em 2019, um padre de uma igreja católica da Carolina do Sul rejeitou conceder a Sagrada Comunhão a Biden por causa de seu posicionamento sobre o aborto.
O Catholic News Service relatou em maio que o Vaticano advertiu os bispos dos Estados Unidos a procederem com cautela com políticas destinadas a "abordar a situação dos católicos em cargos públicos que apoiam a legislação que permite o aborto, a eutanásia ou outros males morais".
Biden foi questionado nesta sexta-feira sobre a ação dos bispos e a possibilidade de que ele não possa comungar.
"É um assunto privado e não acho que vá acontecer", declarou a repórteres durante um evento na Casa Branca sobre a pandemia do coronavírus.
O posicionamento de Biden sobre o aborto foi citado por muitos cristãos evangélicos americanos como base para seu voto a favor do político anti-aborto Donald Trump na eleição presidencial de novembro passado.