A OMS (Organização Mundial da Saúde) anuncia a autorização do uso emergencial da vacina da Sinovac - a CoronaVac. A medida poderá facilitar a entrada na Europa de brasileiros que tenham sido imunizados pela vacina chinesa. Essa é a segunda vacina chinesa a ganhar a chancela do organismo internacional.
Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, a vacina é "segura e eficiente". Ele ainda destacou como o imunizante é fácil de ser estocado e aposta na empresa chinesa para ampliar o fornecimento global de vacinas. "Com base nas provas disponíveis, a OMS recomenda a vacina para utilização em adultos com 18 anos ou mais, num calendário de duas doses com um espaçamento de duas a quatro semanas", diz a entidade." Os resultados da eficácia da vacina mostraram que a vacina preveniu doenças sintomáticas em 51% das pessoas vacinadas e preveniu COVID-19 grave e hospitalização em 100% da população estudada", indicou.
A OMS, porém, alerta que poucos adultos mais velhos (acima de 60 anos) foram inscritos em ensaios clínicos, o que impediu avaliar a eficácia da dose não nesse grupo. "No entanto, a OMS não recomenda um limite de idade superior para a vacina porque os dados recolhidos durante a utilização subsequente em vários países sugerem que a vacina é susceptível de ter um efeito protector em pessoas mais velhas", disse. "Não há razão para crer que a vacina tenha um perfil de segurança diferente nas populações mais velhas e mais jovens. A OMS recomenda que os países que utilizam a vacina em grupos etários mais idosos conduzam uma monitorização da segurança e eficácia para verificar o impacto esperado e contribuir para tornar a recomendação mais robusta para todos os países", completa.
A previsão original da OMS era de que o processo de revisão fosse concluído em abril, tanto para a Sinovac como para a Sinopharm. Mas os técnicos da agência pediram maiores informações no caso do imunizante usado no Brasil, o que acabou arrastando o processo por várias semanas.
Nesta terça-feira, o grupo de especialistas que autoriza e recomenda as vacinas voltou a se reunir para tomar uma decisão sobre o uso da vacina que, no Brasil, é parte do acordo entre a empresa chinesa e o Instituto Butantan.
Aprovada, a vacina poderá ser usada por todos os instrumentos internacionais, como a Covax, e a esperança da OMS é de que, com isso, o mecanismo de distribuição de doses ganhe um novo impulso. Hoje, o sistema patina diante da falta de vacinas, concentradas apenas em alguns países do mundo.
A OMS previa vacinar 1 bilhão de pessoas nos países em desenvolvimento até o final do ano. Mas com a escassez de doses pelo mundo, não conseguiu superar a marca de 70 milhões de doses até agora. A agência admite que, no atual sistema, a meta não será atingida se for depender apenas dos imunizantes de multinacionais ocidentais.
Brecha para reabrir fronteiras para os brasileiros.
No caso brasileiro, porém, uma chancela da OMS ajuda a abrir as portas da Europa para o turismo. Na UE, o acordo estabelecido entre governos é de que pessoas vacinadas com duas doses poderão voltar a viajar para os 27 países do bloco. Mas apenas as vacinas aprovadas na UE serão aceitas.
A lista inclui Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Janssen. Mas os europeus deixaram uma porta aberta, apontando que governos do bloco poderiam incluir entre as vacinas autorizadas aquelas que tenham sido chanceladas pela OMS.
O selo obtido pela Sinovac, portanto, representará uma possibilidade de entrada de brasileiros vacinados de volta ao bloco europeu.
Hoje, no Brasil, 80% das doses administradas são da CoronaVac. Ainda assim, o sinal verde dependerá de cada um dos governos nacionais. A França, por exemplo, anunciou nesta semana que não iria ampliar sua lista de vacinas reconhecidas para além das quatro já adotadas pelos europeus.
Mas o interesse dos europeus por encontrar uma brecha para as vacinas chinesas não é um gesto aos brasileiros. Com 500 milhões de doses dessas doses já administradas na população chinesa, a esperança da UE é de reabrir as rotas de turismo para os asiáticos e, assim, impulsionar a recuperação econômica do bloco.